Sunday, September 22, 2013

Que seja no Rio



Os versos tortos sem mais indícios
são versos novos com velhos vícios,
um amor inexplicável por inícios;
uma cidade que promete em tudo começar de novo
desde a lua cheia que nasce na pedra alta,
até a manhã de aquarela debochada
pintando o céu, espreitando o mar e os precipícios
da alma, dos bares da Gávea, da memória de outros tempos,
dos nove amores de Vinícius.
Se eu enlouquecer, que seja no Rio.

Os deuses pretos me entendem mais,
e me amam mais do que eu a eles.
Se eu não espero dos deuses mais do que espero dos homens...
dos homens e dos ratos de Copacabana.
O Rio engana,
profana o sagrado da minha bossa.
A nova fossa vê o sol se pondo do Arpoador.
Vai ver o amor é o nosso esquema.
Saravá, Poetinha, Saravá, Ipanema.
Se for para sofrer, que seja aqui
do escuro inquieto de um coração tardio.
Viver sem amar é viver arredio.
E para viver só de amor, então, que seja no Rio.

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