Wednesday, February 01, 2012

Um bilhete, um girassol

Pela manhã, quando acordou e a procurou ainda de olhos fechados na cama, encontrou seu lado vazio e quente, como se não fizesse muito tempo que havia partido para sempre. Levantou-se assustado. Na mesinha ao lado encontrou um papel escrito a mão e um girassol num copo de vidro. No bilhete, ela dizia:

“Eu teria te amado a vida inteira. Teria esperado mais, se houvesse qualquer possibilidade real para o que era nosso, mas eu sei que não importa o tempo que passasse, eu seria para sempre essa pessoa que te faz companhia enquanto amor de verdade não chega. E mesmo que não chegasse pelo resto da vida, mesmo que fosse comigo que estivesses em todos os teus dias na espera desse amor atrasado, eu seria somente esta espera, e veria nos teus olhos o reflexo indelicado de um quase amor, esse hiato que se aperta entre duas grandes histórias. Então, eu me definharia em todos os meus encantos; com os anos me tornaria amarga e subserviente ao teu tempo e ao teu gosto. Quando teu amor de fato chegar, eu já terei ido embora. Mas se ele nunca mais voltar, não serei eu a te consolar ou a te convencer das vantagens deste quase amor.”

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