Friday, November 11, 2011

O Pacto

Estava selado. Dava para ver nos seus olhos, pobre menino encantado com a própria sorte. Pensava nas coisas que poderia fazer agora que a vida seria para sempre fácil. Nem o dinheiro viria sofrido, nem o amor, nem os becos escuros daquela cidade. Quando um relâmpago varreu de luz a sua estrada e os pesadelos todos definharam a olhos vistos, ele, sem que uma palavra sequer fosse dita, teve certeza de que nunca mais haveria um dia triste. A felicidade era um pacto selado com as sombras. E enquanto descia o morro e enxergava lá embaixo a profecia inexata das curvas do Rio, era como se música nascesse de dentro dele, como se cada outro detalhe que não fosse música esperasse para existir depois, porque agora tudo era bossa, tudo era samba.

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