Sunday, November 28, 2010

Sobre a queda livre dos anjos

Em memória de Ian Curtis, Kurt Cobain, Virginia Woolf, Torquato Neto e Ernest Hemingway. 

Muito perto de desmanchar, como um desenho na areia. Frágil assim como todas as coisas belas. A vida é grande demais, bonita demais, eu sei. Mas aqui sozinho na angústia desses dias, eu entendo todos os anjos que caem. Respeito rigorosamente a queda livre dos anjos. São como irmãos. Porque nem todo mundo pode com o que é grande e só. O céu é a solidão, não restam dúvidas de que seja assim. E eu sou quase nada hoje. Quase um copo cheio de vodka, quase a casa vazia, quase o amor, que já não acontece fácil como era antes. Sou adulto, e adulto é ser discreto nos seus sonhos. Você não veio como me prometeu, mas eu juro que fui feliz. Hoje, já não me bastam as horas como antes. Eu me encantei perdidamente pela certeza do nada. E preciso prová-lo até a última gota.

2 comments:

Victor said...

Obrigado por ter escrito isso.

Bruno Höera said...

Lindo texto!

Abraço!