Sunday, May 13, 2007

Nenhuma palavra

A palavra matou. Foi ela a assassina cruel que empacotou os cadáveres e os desovou em covas repentinas. Quando tudo ainda não era, a palavra apressada, filósofa inconveniente das coisas caladas, sepultou o nada, complicou o óbvio, atingiu flecha certeira na eternidade. E depois, para remediar o dito, para emudecer o verbo todo esforço é ingrato.

2 comments:

Anonymous said...

Depois do dito naquele dia não posso negar, e aqui está a prova, surgiu-me a curiosidade de bisbilhotar as tuas mudanças. Penso que é uma palavra conveniente, ainda que, e nisso concordamos, a palavra mata. A palavra também é desejo, mas este secularmente pervertido há feito dela possibilidades para o engano.
Por um lado, eu amo as palavras e você, por outro, diz conhecê-las. Não há dúvida em mim sobre este par. Também às vezes há possibilidades nas palavras, isto é visível, ainda que não seja todo o visível.
“Complicou o obvio”, claro que sim. Mas nestes acontecimentos também esquecemos os corpos, os seus movimentos e balanços. Eu gosto dos corpos, e ai está a prova daquilo que não é casto em mim.
Como não abandoná-las quando os corpos as prescindem tão cabalmente? Entregar-se foi sempre mais inteligente, mais potente.
Não há dúvida então que o funesto não foi transcendência da morte por ela caudada, se não o esquecimento daquele sutil movimento, diz-se também vibração, de um corto com outro.
Abraços e alegres mudanças.
Rodrigo

Ps: A palavra alegria difere para mim irremediavelmente da palavra felicidade.

Sérgio Bonomi said...

Roberto,
não sei se você lembra de mim, sou filho do Sergião (amigo do seu pai).
Meu pai que me passou seu blog, achei super interessante! Também tenho um, ta que é sobre futebol, mas mantenho ele por causa da minha paixão em escrever e em futebol.
Se der pra dar uma passada por lá o endereço é: http://sergio-jr.blogspot.com

Te adicionarei nos meu links.

abraço