Sunday, March 18, 2007

Café e Areia

São Paulo me pede de volta, como uma ex-mulher arrependida, a cidade me ama, quer criar meus filhos. Mas o Rio enciumado me mostra a varanda com vista para o mar. O Rio diz: aqui você é mais sozinho, mas sua solidão tem charme e pés na areia. Eu nunca te darei os amigos de lá, mas quem precisa de amigos quando se vive aqui? E eu penso que existe certa razão em tudo isso, mas São Paulo me adula com garrafas de vodka e sexo bom, diz: o seu bronzeado te deixou mais bonito, mas eu me lembro quando sentávamos à tarde para tomar um café e falar de cinema. E eu vivo entre dois amores, me equilibrando e sobrevivendo aos truques dos dois. Seria possível estar aqui e ali para sempre? Porque se fosse, perdoe-me a sem-vergonhice, eu manteria essas duas casas, e teria filhos de esposas distintas e virtudes opostas.

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