Thursday, January 04, 2007

Repara

Olha como vivem esses desesperados. Repara como se contorcem em ojeriza enquanto beijam; como são altruístas e dissimulados, como fingem amar o mais louco amor e dão risadas altas e orgasmos desproporcionais. Seus elegantes cortejos são cheios de lamentos e sombras. Eles têm medo da solidão e abraçam qualquer possibilidade de saída. Pobres coitados já não enganam ninguém: a liberdade que procuravam é hoje a mais depravada prisão. E escuta o arredio de suas palavras bonitas; como encantam na maciez da voz, mas nunca convencem de fato. Toda beleza é cansada neles, o sorriso é uma noite fria. E espera para ver como amam esses desesperados, como tudo neles ecoa, como nada conforta a dureza de um domingo em suas companhias.

2 comments:

Anonymous said...

quanta tristeza, apenas com esforco um raio de alegria que nao perdura. Nem Borges era sempre tao escuro, e ele quae define o negro. Sera que voce deixa a tristeza no papel e a alegria com os outros? Nao falo que pensar nao seja bom, e que a trascendencia e de ser considerada e contemplada, mas temos outras cores, nem todo e o chiaroscuro do Barroco espanhol, que ate em Zurbaran os martires deixavam entrever um sorriso na agonia.

helsinki1000@yahoo.com

Gabriela Goes said...

nossa, que profundo, sabia que tinha que fazer uma visitinha...